segunda-feira, 14 de junho de 2021

Shiki

Estamos nos direcionando para a metade de 2021, o segundo ano em que os dias passam mais rápidos do que a ciência contemporânea jamais vivenciou. Tão rápida é a movimentação dos meses, que eu iniciei a escrita nesse blog em meados de um ensino fundamental 2, e sigo digitando essas palavras no meio de uma caminhada teórica para o desenvolvimento de um TCC. 

Curiosamente eu nem estou tão desolada. De vez em quando me deparo com uma ansiedade que se instala na garganta e me faz respirar um pouco mais rápido, em busca de oxigenar um cérebro meio cansado, vagaroso e desejoso por aventuras que nunca chegam já faz algum tempo. Mas estou seguindo. 

Meio trágico eu ter dito na postagem passada que estamos morrendo, percebi que expressei essa sensação em fevereiro. Pois bem, talvez não eu ainda, mas de fato houveram mortes. Perdi dois tios para a COVID. Foram dias meio esquisitos os que vieram depois disso, até mesmo agora, embora o luto do momento tenha se acalmado. Não parece real, nenhum pouco palpável. Detesto concordar que a vida é um sopro. E a cada respirada pesada que eu dou, lá se vai mais um.

Partindo para outra linha de pensamento completamente diferente, dia desses foi dia dos namorados. Não que isso tenha alguma relevância pra mim, já teve mais impacto em épocas que uma história de amor era um dos meus grandes sonhos não realizados. Hoje não é uma prioridade pra mim. Até porque, o que antigamente eu achava ser um critério consciente, eu entendi ser só um traço de personalidade: sou detalhista demais pra me conectar com alguém. Eu sempre achei que gostos em comum e bom humor era tudo que se precisa pra investir em um romance. Mas gostos em comum e bom humor saturam. Não sei se foi a fase adulta que chegou com tudo, hormônios destruindo algumas conexões nervosas ou só o contexto de confinamento que contribuem pra isso, mas eu tenho pouquíssima paciência para lidar com amizades recentes baseadas em conversas sem muita consistência, flertes superficiais, piadinhas aleatórias e uma intencionalidade de impressionar. Isso exige energia demais, e energia me falta. Reflito, portanto, que me deixa extremamente feliz a existência de amigos em que eu posso falar de um cotidiano simples e rotineiro, rir de abobrinhas internas, adentrar em assuntos completamente espontâneos ou só não falar nada e estar tudo bem. (termos que a pandemia destruiu) 

Enfim, devaneios de um início de semana, me vi numa trilha sonora muito inspiradora para textos como esse, desabafos sem muita pretensão de soarem melancólicos ou poéticos.