quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Everyday, we're fightin' a silent war we never wanted

É sempre nas quartas.

Mais um testemunho de cansaço. Mental, físico, meio nada vale nada. Tem semanas melhores ou piores, mas nunca uma muito boa, nem mesmo em período de recesso. Os níveis são entre o quanto ta ruim, se ta muito ou se ta pouco. 

Ano passado resolvi aceitar uma bomba de promoção de cargo. Dentro da média de salário, o valor da promoção foi algo que motivou bastante, bem mais que qualquer discurso sobre se desafiar ou evoluir na profissão. Desafios e evoluções são sempre terrivelmente desgastantes pra mim. O problema é que há muito tempo eu não vivencio um período não desgastante, e anda piorando. 

Além da rotina massante de cobranças diárias e constante estado de aprendizado (e, consequentemente, falhas), o ambiente de trabalho anda me sugando em outras questões. Talvez eu esteja procurando pelo em ovo, mas desde os ruídos até discursos elitistas me fazem sentir que eu não pertence àquele meio. Durante os planejamentos estratégicos e reuniões internas de gestão, são mencionados indicadores, planos de metas, análises numéricas de resultados, faturamentos exorbitantes e padrão de projetos, e tudo me parece desinteressante. Como todo negócio, o dono em questão visa lucro e crescimento, é claro, e sabe que isso depende exclusivamente da eficiência de seus colaboradores e da gestão do escritório. A equipe de coordenadores da qual faço parte precisa pensar em formas de desenvolver e agilizar cada processo, cada funcionário, e estabelecer conexão clara entre gerente, projetistas, estagiários e diretor. Mas, honestamente, eu não sei nada disso. Eu me esforço pra aprender, pra acompanhar, contribuir de alguma forma, mas parece que eu preciso de um esforço sobreumano pra resultar numa entrega básica. E todo dia eu erro.

Além disso, sinto que a linha de projetistas e estagiários tem mais abertura pra cometer erros, pra estar no espaço amostral de aprendizado que o libera de responsabilidades, afinal, quem responde pelos projetos não são eles, são os coordenadores. Nesse cenário, eu, enquanto coordenadora, já não sinto essa liberdade, pelo contrário. Eu preciso garantir o acerto. Isso me desmonta dia após dia.

Diante desse impasse e provações constantes que detonam o meu cérebro, percebi meus sintomas ansiosos muito piores e fui ao psiquiatra. Gabaritei tudo de sintoma e agora farei um tratamento medicamentoso pra ver se regula níveis de estresse e humor. Vamos ver se vai dar algum resultado (o tipo de resultado que de fato me interessa).

Mas, tava pensando, toda essa movimentação eu fiz exclusivamente por conta de trabalho(?). Apesar de outras esferas da minha vida estarem turvas, essa é a que mais baliza minhas decisões e pensamentos. Ta certo isso? Eu fico me questionando semanalmente se isso é o ideal. Talvez eu devesse estabelecer um prazo de validade.

Quem sabe até o meu aniversário.

Aniversários costumam simbolizar ciclos né. De repente esse seja um indicador. Se até o meu aniversário de 2025 eu ler esse texto e concordar inteiramente com ele, mudo todos os planos.

Minha incerteza é se eles resistem até lá.