quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O impossível.

  Eles viviam suas vidas,distantes.Não eram próximos.Não eram nem amigos.Sentiam uma repulsa mútua um pelo outro,cada um com personalidades horrivelmente diferentes.Suas amizades pertenciam a mundos completamente paralelos.O anjo.A rebelde.O branco e o preto,destacando-se por suas diferenças.Eram apenas Yin e Yang.
  O futuro é desconhecido e a rotina de cada um era de completa surpresa.Não eram apenas as diferenças que os tornavam distantes,mas o receio e o medo.Era evidente.Cada um tinha suas próprias convicções.Eles não se odiavam ou se repeliam,mas se atraiam de modo assustador.Eram como almas interligadas.Polos de um ímã que não podiam se separar de forma alguma.Não era atoa que nenhum faltavam suas aulas ou trocavam de lugar no intervalo.A simples metragem entre eles era suficiente para se controlarem.Mas não era o bastante.Eles não conseguiam evitar as olhadas rápidas e esquivadas velozes de pensamentos.Um pelo outro.Sempre.A sociedade que os envolviam os impediam de se expressarem de forma verdadeira.A questão era: por que tanto temor em se juntarem e explodirem em emoção,amor e alegria?Só havia uma resposta: o tão desprezível status.Cada um tinha uma imagem a manter.Ele,com seu jeito certinho,sua cara inocente e sua lábia de que a vida precisa ser controlada e sempre baseada em exatas,tipico de inteligentes intelectuais.Ela,com seus cabelos metade presos por uma presilha simples.Seus olhos,mesmo que castanhos e perfeitamente normais,possuíam um indecifrável mistério,que só o mais profundo dos olhares poderia atingir e descobri-lo.Tinha um jeito mais que debochado e desprendido de viver,como se o amanhã não importasse.Completo erro.Que seja.Ambos não aguentariam,nem que fossem deuses fortes ou coisa do tipo,tal pressão.
  A aula acabara.Todos foram emboram.
  Como de costume,ele subia a rua,em direção a sua pseudo-mansão,a algumas quadras dali.Ela,descendo a rua,se dirigia a uma lanchonete,onde iria se embebedar com coca-cola,puro açúcar e cafeína.Aquilo a animava,ao mesmo tempo que a acalmava psicologicamente,e a ajudava a parar de pensar tanto em seu inimigo sentimental.O garoto,diferentemente,chegara em casa,ligara seu aparelho de som e começara a escutar opera.Para ele,identificar todos os instrumentos de uma sinfonia era capaz de desviar seus pensamentos,grudados em você-sabe-quem.De repente uma ideia lhe antigiu em cheio.Queria porque queria ir a lanchonete no fim da rua,local onde a garota sempre ia,mas ele não sabia.
  O mesmo aconteceu com a garota.Uma vontade louca de subir a rua e ir em direção ao conservatório a encheu de alegria,até então inexplicável.
  O caminho a ser prosseguido por ambos era o mesmo.Era óbvio que se encontraria.
Ele descendo.Ela subindo.Os dois,de longe,muito longe,se enxergaram.A vontade de cada um era dar meia volta,mas a vontade do alien desconhecido morando em seus estômagos era mais forte,e os forçaram a continuar.Já estavam perto.Já estavam quase frente a frente.Continuaram.Um passou pelo outro,trocaram olhares,como se estivessem se comunicando por eles,mas seguiram.
  Ela parou.Ele também.Ela se virou,com uma expressão jamais vista.Seus olhos estavam cheios de lágrimas.Não conseguia entender porque via tanta paz no cara a sua frente.De tanto o observar,mesmo que de longe,desde muito tempo, ela passou a vê-lo como um na sua mesma situação: rodiado por gente que o pressionava a viver numa cadeia comportamental.De repente ela se viu abraçada a ele,e apenas falando e falando,completamente sem controle,desabafando sua vida com um desconhecido.De início o garoto se via confuso naquela situação.Aos poucos ele se encaixou na mesma realidade.
  Finalmente,quando ela parou de falar,eles se soltaram,e apenas se olharam por longos segundos.Olhares poderosos.A conexão entre eles eram muito forte,como se existisse antes mesmo de terem nascido.Com apenas simples olhares entenderam que não havia motivo para prender o tal sentimento.
  Se abraçaram,mas agora muito mais forte.Aquilo os acalmava muito mais que coca-cola e ópera.
  Se soltaram de novo.
  Então,ele juntou coragem e falou:
 -Oi,eu sou Johan.
  Ela,ainda confusa murmurou:
 - Sou Alanis,prazer em conhecê-lo.

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