segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dádivas.

  Apenas uma mochila seria necessária.Bagagem?A mínima possível.Uma caneta e um caderno em branco seria os únicos objetos.Uma garrafa com água,bolachas de água e sal e algum dinheiro serviriam por alguns dias.Após escrever a carta que descreveria,para aqueles que se importassem,onde eu estaria e o porquê de estar lá,eu poderia partir.Mas não era preciso se preocupar.Seja qual for a situação,nascemos sozinhos e morremos do mesmo jeito.Não há como mudar.Não haveria leitores para esta carta.Mas não foi perdido tanto tempo para escrevê-la.
  Saí da minha proteção material,caminhando rumo ao horizonte,sem olhar uma única vez para trás,temendo arrependimento.Para onde ir?E qual seria o destino?
  Sentada em um banco,a alguns quilômetros da minha origem,consegui coragem para abrir o caderno em branco.Escrever seria minha única tarefa para aquela pequena jornada fazer sentido.''Controlo com muita dificuldade a vontade de viver no passado ou de adivinhar o futuro.O medo domina muitas vezes a vontade de viver o momento.É desconcertante saber que só existe uma saída para problemas diversos''.
  A manhã finalmente atinge seu objetivo,mas não por completo.A tal jornada estava se tornando cada vez mais solitária e silenciosa.De algum modo muito estranho,tudo estava começando a fazer sentido.Seria aprender a viver sem dependência?''A falta de algo me incomoda.A presença de outra coisa também causa o mesmo efeito.É impossível saber do que se trata tanto desconforto.O momento já não é tão distante.Ou é?''
  É hora de voltar.Consegui desmanchar a idéia de que eu não suportaria viver um só segundo sozinha.Eis que,neste exato momento,não há medo,não há insegurança.O momento.O hoje.O presente.Desbravei uma pequena distância,carregando idéias,sem mesmo sair de casa,sem mesmo me levantar da cadeira,sem mesmo precisar ficar sozinha.Esse seria o sentido.Qual?...

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