sábado, 12 de setembro de 2015

Now all hope is gone, so drown in this love.


    Lembro de estar em algum alpendre. Parecia ser uma borracharia, mas não quero rebaixar minha vivência a tão pouco. Eu parecia esperar alguém. De fato.
    De repente ele aparece. Meu belos olhos. Meu mais adorado olhar. A voz que arrepia os pelos da nuca, que esclarece minhas ilusões, que me traz à realidade mais suportável. Aquele brilho que me garante as certezas do mundo, mas me engana da maneira mais primitiva. Aquele que inverte meus sentidos da madrugada. Eu poderia definir toda a minha percepção de um momento que durou algo em torno de cinco segundos em eternas páginas. Me sinto no direito de continuar. Neste breve espaço de tempo, um sorriso iluminou minhas mais tímidas angústias.
     É quase como um sorriso complexo e envolto a milhares de interpretações. O movimento dos olhos junto ao encurvar dos lábios me trouxe um dos seus encantos mais abstratos que eu já vivi num sonho. 
  Segundo numero dois. Embriagada com minhas observações, minha amada e admirada voz do trovão tragava a minha essência como se fosse o último vício da terra. Seus olhos abraçavam os meus enquanto delirava sobre a gênese das diversas constelações que timidamente nos assistiam. Enquanto isso, num misto de ódio e obsessão, eu vislumbrava a face que me iludia e suprimia meus desejos mais profundos. A raiva em depender de uma existência tão etérea era ignorada pelos mais longos segundos de idolatria. E sim, eu odeio isso.
   Em um terceiro segundo, o olhar transformou-se num toque. Enlaçada brevemente pelos seus braços, afundei a alma num corpo cálido que eternizou mais outro segundo. E enquanto gozava do calor do momento, um intervalo de tempo me separou do torpor em que eu me encontrava, e de repente estava sozinha, fitando o teto do meu quarto, acostumando meus olhos às finas brechas de luz da janela. 
   O sonho acabara, e continuava mais vivo do que nunca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário