domingo, 2 de abril de 2017

And pain is just a simple compromise

   Te observo. Inegáveis as vezes que quis observar mais. De querer somente percorrer toda a extensão da tua alma e corpo com um olhar. De querer compreender cada expressão, cada movimento da maneira mais plena. Diversos são os pensamentos nos quais persigo teus passos em busca de serenidade. Encontro palavras turvas. Reviro os olhos quando me encontro nas amarras do meu próprio sentimento, egoísta, mesquinho, viciado. Tal qual um dependente, rastejo em busca dessa morfina que cala meus medos, silencia receios, acalma. Nas noites, entregue ao divã imaginário dos meus devaneios, me sacio com uma droga eletrizante de amor, empolgação, carinho, uma dose doce de desejo contido, obsessão, que mais uma vez me agarram pelos cabelos curtos, mas que usam minhas próprias mãos para isso. Um embate diário entre a razão que repreende e a emoção que dilacera todas as cavidades de um coração ansioso, sempre pronto para sentir o calor do taquicardia que me vitimiza ao olhar nos teus olhos, que rasga o peito diante do sorriso, que me envolve na conversa solta e que me aquece no silêncio gélido. Diante das mais falhas tentativas de demonstração, me assemelho a um ventríloco, que manipula a própria voz e a entrega ao personagem. Não tenho como definí-lo. Entretanto, atinjo o ideal de liberdade literária ao fazer das palavras uma saída. E é em modo de fuga que lhe digo: tão macios são teus lábios que brevemente me perco, com os olhos fechados, numa escuridão onde até mesmo andaria de pés descalços nas brasas da tal emoção. O exagero é aceitável, as metáforas talvez piegas, a inconclusão quem sabe um charme, honestamente, já não sei mais.

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