quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Take me somewhere nice.

   Olha lá, que linda aquela jangada embalada pelo mar. Olha só, esse estrago que a brisa faz com teu cabelo e só te causa vontade de rir, tamanha a confusão que é sentar contra o vento na praia. Sente um  pouco esses pequenos fragmentos que foram sedimentados por anos, milênios, eras, muito antes de tu ser importante para alguém, que se deparam com a tua pele que mal sai de casa. Abraça essas águas mornas e salgadas, brinca com essa sombra que vira e mexe num sol de verão, afunda esses pezinhos urbanos nessa areia branca e meio quente. Desaba. Mas não desaba de dor, não desaba de exaustão, não se entrega à confusão, não se joga nessa patologia não diagnosticada de instabilidade mental, não cede ao constante convite de auto destruição. Desaba no fim de tarde. Desaba no céu lilás-laranja das cinco e meia. Se perde em fofuras e figura das nuvens, canta um pouco. Permite se comover mais, se envolver menos, se apegar ao mínimo, se libertar ao tudo. Quando o tempo começar a escurecer, quando te tirarem a força da paz e da plenitude do ser, grita, esperneia, chora, se debate. Só não se tranca de novo no quarto.

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