segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O mistério das origens.

     Me pergunto se um indivíduo pode sentir qualquer coisa sem depender diretamente de algo. Se alguém chega e fala para você "puxa, estou feliz!", instantaneamente você pergunta "por que?". É uma questão absurda de se levantar, mas pare e pense: é tão inerente ao ser humano depender tanto de uma segunda existência para medir seus atos ou suas emoções? Não existe uma opinião formada do próprio ser, existe o fato dele concordar com algo já existente, ou ainda interpretar e fundir ideias de terceiros... mas elas já existem. Não existe uma criatura apaixonada sem a figura pela qual ela se apaixonou. Entende o quanto não faz sentido você alegar estar apaixonado por....... Exatamente. Mas acho que a dificuldade de se imaginar um sentimento ou ideia independente se dá pela complexidade destes. Se você fala que está feliz, perguntam o porquê, e você simplesmente responde ''Não sei, apenas estou", encararão isso como uma belíssima prova de equilíbrio existencial com a vida que leva. Mas se você fala que ama, com certeza pensarão "O que?" e o seu silêncio será incoerente. Creio que a inexistência do "porquê" seja menos polêmica que a do "o quê", já que todo ato ou sentimento é mais baseado no inicio destes que no motivo de prosseguirem. A partir daí surge um novo tópico: e sobre a dependência dos sentimentos e atos ruins? Coisas ruins são ainda mais complexas que coisas boas. Você não cria uma fé almejando algo ruim, e mesmo que esteja, o ruim não seria tão... ruim. NÃO SE ALMEJA COISAS RUINS. Você não vive esperando maus resultados. Você não quer ter uma vida dificil. Você nunca está completamente preparado para o fracasso. As coisas não desejadas são ainda mais dependentes tanto do "o que" como do "porquê", porque vivenciar a derrota  não é admissível sem um bom motivo. Experimente falar para alguém "Estou triste". Obvio que perguntarão o porquê. E mesmo você negando, nunca acreditarão que o sentimento apenas está la ao acaso. Ao contrário, proclamar felicidade repentina por absolutamente nada  é digno de admiração. Você não precisa de algo para se escorar por temer a felicidade, e pouco importa muito de onde ela vem, basta que ela exista, e que o seu porquê esteja por ali. Não sei onde quero chegar. Mas queridos, aceitem que a tristeza ou coisas afim não estão sempre relacionadas a alguma consequência de algo que você fez ou deixou de fazer. Ela simplesmente existe. Faz parte. Você é feito de tristeza, assim como de alegrias. Elas não dependem apenas de você, depende também do acaso. Mas olha que maravilha, elas dependem! É meus caros, minha reflexão foi um fracasso. E pasmem, eu estava preparada para isso. Mas há algo que eu contemplo em relação a sentimentos: eles podem surgir do além. Não digo que independam de outros fatores, mas eles podem surgir como uma brisa numa tarde quente, imprevisível. Toda essa indagação filosófica foi fruto de um filme que assisti. E olhe que não era nada muito ligado ao assunto. Era apenas um romance fofo, original até, mas de características clichês. Logo que terminou, me senti tão bem, tão leve. Foi uma felicidade repentina de uma noite de domingo, simplesmente me senti apaixonada, mas por nada. Percebe o quão vago isso é? Era nisso que eu queria chegar aqui. Um dia atingiremos a essência das coisas. Quem descobriu a felicidade não sabia da existência dela até aquele momento, assim como a tristeza. Elas apenas estavam ali, e então resolveram nomeá-las. Bom, o texto já deu o que tinha que dar. Fui ao máximo do que eu queria expressar, embora ainda existam questões a serem esclarecidas. Ir além iria contra toda a teoria de desordem, então convivamos com ela. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário